Dia 31/03/2025
SP 2.4 - Cariótipo e síndromes / Gastrulação e teratogênese
O cariótipo é uma representação ordenada dos cromossomos de um indivíduo, geralmente obtida a partir de células em metáfase (ex: linfócitos do sangue periférico).
Coleta de sangue
Estímulo para divisão celular com mitógenos
Interrupção na metáfase com colchicina
Coloração (ex: Giemsa – bandas G)
Visualização ao microscópio e organização dos cromossomos em pares
Diagnóstico de síndromes genéticas
Identificar anomalias numéricas ou estruturais
Investigação de infertilidade, abortos recorrentes, malformações, cânceres hematológicos, entre outros
Trissomias (1 cromossomo a mais)
Monossomias (1 cromossomo a menos)
Aneuploidias sexuais
Deleções
Duplicações
Inversões
Translocações (recíprocas ou robertsonianas)
Cariótipo: 47,XX,+21 ou 47,XY,+21
Causa: Trissomia livre (95%), translocação Robertsoniana (4%), mosaicismo (1%)
Características:
Rosto achatado, fenda palpebral oblíqua, língua protrusa
Hipotonia neonatal
Deficiência intelectual leve a moderada
Cardiopatias congênitas (ex: canal AV comum)
Maior risco de leucemia e Alzheimer precoce
Cariótipo: 45,X
Pode haver mosaicos (ex: 45,X/46,XX)
Características:
Sexo feminino
Baixa estatura
Pescoço alado, tórax escudo
Amenorreia primária, ovários atróficos (disgenesia gonadal)
Infertilidade
Cardiopatias (ex: coarctação da aorta)
Cariótipo: 47,XXY (podem haver variantes: 48,XXXY)
Características:
Sexo masculino
Testículos pequenos, ginecomastia
Infertilidade (azoospermia)
Estatura aumentada
Déficits de aprendizado e linguagem
Cariótipo: 47,XX,+18 ou 47,XY,+18
Características:
Malformações múltiplas
Mãos fechadas com sobreposição dos dedos
Pé em "roqueiro"
Micrognatia, orelhas baixas
Cardiopatias congênitas
Expectativa de vida muito curta (geralmente < 1 ano)
Cariótipo: 47,XX,+13 ou 47,XY,+13
Características:
Fenda labial/palatina
Holoprosencefalia (sem separação dos hemisférios cerebrais)
Polidactilia
Malformações cardíacas
Grave atraso do desenvolvimento
Sobrevida muito curta
🔹 Síndrome do Cri du Chat
Deleção do braço curto do cromossomo 5 (5p-)
Características:
Choro agudo semelhante a miado de gato
Microcefalia, face arredondada
Atraso no desenvolvimento
🔸 Síndrome do X Frágil (não visível no cariótipo comum)
Mutação no gene FMR1 no cromossomo X (expansão de repetição CGG)
Segunda causa genética mais comum de deficiência intelectual (após a Síndrome de Down)
Mais frequente em meninos
Orelhas grandes, face alongada, macro-orquidismo na puberdade
47,XYY
Presença de um cromossomo Y extra em indivíduos do sexo masculino.
Sexo masculino
Estatura acima da média
Puberdade normal, geralmente fertilidade preservada
Alguns podem ter:
Atraso leve na fala ou aprendizado
Dificuldades de comportamento (ex: impulsividade, déficit de atenção)
Mito desatualizado: já foi associada erroneamente à maior agressividade ou criminalidade — isso não é comprovado cientificamente
Raramente feito ao nascimento
Pode ser descoberto em investigação de atraso de aprendizado ou infertilidade leve
47,XXX
Presença de um cromossomo X extra em indivíduos do sexo feminino.
Sexo feminino
Fenótipo geralmente normal
Estatura aumentada em alguns casos
Pode haver:
Déficits leves de aprendizado
Dificuldades de fala ou linguagem
Fertilidade normal na maioria dos casos
Muitas mulheres não sabem que têm a alteração (forma leve ou assintomática)
Muitas vezes incidental, durante exames genéticos por outros motivos
QUESTÕES DA SP 2.4
Isabel foi o primeiro bebê de Irene e Fábio, que eram bastante altos. A menina apresentou pés edemaciados (++/++++) durante os primeiros meses, e era muito pequena, embora fosse um bebezinho sadio, em geral. Desenvolveuse normalmente na infância, mas sempre era a menor de sua sala de aula. Aos 10 anos, a taxa de crescimento de seus colegas aumentara, e algumas de suas amigas até já haviam iniciado a puberdade. Embora Irene e Fábio não estivessem realmente preocupados, a enfermeira da escola sugeriu que Isabel fosse encaminhada a um pediatra, visto que sua baixa estatura parecia incomum em relação à estatura de seus pais. Ao exame clínico foi observado: baixa estatura, pescoço alado, linha posterior de implantação dos cabelos baixa, tórax alargado com aumento da distância entre os mamilos. Foi solicitada análise cromossômica por cariotipagem. Os resultados revelaram: 45X/46XX. Irene e Fábio não sabiam como eles não haviam percebido antes. Indagaram o geneticista quanto ao tratamento, o qual respondeu que o tratamento basicamente estava centrado nas manifestações clínicas associadas. Entre as estratégias adotadas, incluíram-se tratamento cirúrgico das malformações associadas (principalmente cardíacas), terapia de reposição com estrógenos (devido à disgenesia gonadal) e aconselhamento genético.
A. Qual a síndrome manifestada por Isabel? Justifique sua resposta baseada nos achados clínicos/laboratoriais.
Síndrome de Turner (mosaicismo 45,X/46,XX)
Justificativa:
Achados clínicos clássicos:
Baixa estatura
Pescoço alado
Tórax em escudo (alargado, com mamilos afastados)
Implantação baixa dos cabelos na nuca
Edema em pés ao nascimento (linfedema)
Atraso no desenvolvimento puberal, apesar de pais altos
Análise cromossômica (cariótipo) revelou mosaicismo 45,X/46,XX, característico de uma forma leve da Síndrome de Turner
B. Há riscos de recorrência neste tipo de síndrome? Justifique sua resposta correlacionando com a etiologia da síndrome.
Síndrome de Turner (mosaicismo 45,X/46,XX)
Justificativa:
Achados clínicos clássicos:
Baixa estatura
Pescoço alado
Tórax em escudo (alargado, com mamilos afastados)
Implantação baixa dos cabelos na nuca
Edema em pés ao nascimento (linfedema)
Atraso no desenvolvimento puberal, apesar de pais altos
Análise cromossômica (cariótipo) revelou mosaicismo 45,X/46,XX, característico de uma forma leve da Síndrome de Turner
C. Qual o tipo de alteração cromossômica ocorreu neste caso clínico?
Monossomia (aneuploidia).
D. Explique como foi realizada a análise cromossômica.
Análise cromossômica = Cariótipo
Passos principais:
Coleta de sangue periférico (normalmente)
Estímulo das células (linfócitos) para entrarem em divisão mitótica usando um mitógeno (ex: fitohemaglutinina)
Bloqueio da divisão na metáfase com colchicina, quando os cromossomos estão mais condensados e visíveis
As células são rompidas, os cromossomos são corados (ex: com Giemsa – banda G)
Os cromossomos são organizados em pares e analisados quanto a número e estrutura
No caso de Isabel, foram observadas linhagens celulares diferentes, revelando o mosaicismo 45,X / 46,XX.
É uma alteração cromossômica numérica dos cromossomos sexuais, em que o indivíduo do sexo masculino possui um cromossomo Y extra:
47,XYY
Ocorre por nondisjunction (não disjunção) durante a meiose II paterna
Não é herdada — é uma mutação esporádica
Acontece em aproximadamente 1 a cada 1.000 nascimentos masculinos
A maioria dos meninos com XYY apresenta desenvolvimento normal e pode nem saber que possui a síndrome. Em alguns casos, pode haver:
31/03/2025 - SP 2.4
Morfo. - Gastrulação e teratogênese
A gastrulação é o processo pelo qual o embrião passa de duas para três camadas germinativas: ectoderma, mesoderma e endoderma.
Na 3ª semana do desenvolvimento embrionário.
Formação da linha primitiva: surge na região caudal do epiblasto.
Invaginação celular: células do epiblasto migram através da linha primitiva.
Formação das três camadas germinativas:
Endoderma: células que substituem o hipoblasto.
Mesoderma: células que se alojam entre epiblasto e endoderma.
Ectoderma: células que permanecem no epiblasto.
Forma-se o disco embrionário trilaminar, base para todos os tecidos e órgãos do corpo.
Teratogênese é o processo pelo qual agentes externos (teratógenos) causam anomalias congênitas no desenvolvimento do embrião ou feto.
Drogas (ex: talidomida, isotretinoína)
Álcool (síndrome alcoólica fetal)
Infecções (ex: rubéola, toxoplasmose)
Radiação
Deficiências nutricionais (ex: ácido fólico)
3ª à 8ª semana (período embrionário): quando os órgãos estão sendo formados – maior risco de malformações graves.
Antes da 3ª semana: pode causar morte embrionária.
Após 8ª semana: maior risco de alterações funcionais ou menos graves.
Dose e tempo de exposição ao agente
Genética materna e fetal
Natureza do teratógeno
1. Talidomida
Uso: Medicamento usado para enjoo na gravidez (década de 1950-60).
Consequência: Focomelia (membros encurtados ou ausentes), malformações de orelhas, olhos, coração.
2. Álcool (Síndrome Alcoólica Fetal)
Uso: Ingestão de bebidas alcoólicas na gravidez.
Consequência: Microcefalia, retardo mental, alterações faciais características (filtro nasal liso, lábio superior fino), atraso no crescimento.
3. Isotretinoína (Roacutan®)
Uso: Tratamento para acne severa.
Consequência: Malformações do sistema nervoso central, coração, face, ouvidos, e risco de aborto espontâneo.
4. Anticonvulsivantes (ex: fenitoína, ácido valpróico)
Uso: Tratamento de epilepsia.
Consequência: Síndrome hidantoína fetal, com retardo no crescimento, dismorfismos faciais, defeitos cardíacos.
5. Toxoplasmose (infecção congênita)
Agente: Toxoplasma gondii
Consequência: Tríade clássica: hidrocefalia, calcificações intracranianas e coriorretinite.
6. Rubéola congênita
Agente: Vírus da rubéola.
Consequência: Catarata congênita, surdez, cardiopatia congênita (PCA – persistência do canal arterial).
7. Diabetes materna mal controlada
Agente: Hiperglicemia materna.
Consequência: Macrossomia fetal, defeitos cardíacos, defeitos de tubo neural, síndrome da regressão caudal.
8. Radiação ionizante
Exposição: Raios X em altas doses (especialmente nas primeiras semanas).
Consequência: Microcefalia, retardo mental, deformidades esqueléticas.
QUESTÕES DA SP 2.4
A. Quais são as camadas do disco bilaminar?
O disco bilaminar é formado por duas camadas de células:
Epiblasto – camada superior, formada por células colunares.
Hipoblasto – camada inferior, formada por células cúbicas.
B. Como se forma o saco vitelino?
O saco vitelino primitivo se forma quando células do hipoblasto migram e revestem internamente a cavidade do blastocisto, formando a membrana exocelômica (de Heuser).
Mais tarde, com o surgimento do mesoderma extraembrionário e reorganizações, o saco vitelino primitivo é substituído pelo saco vitelino definitivo, menor e funcional.
A gástrula se forma durante o processo de gastrulação, que transforma o disco bilaminar em um disco trilaminar, com três folhetos germinativos:
Linha primitiva aparece no epiblasto.
Células do epiblasto migram pela linha primitiva:
As primeiras substituem o hipoblasto e formam o endoderma.
As seguintes formam o mesoderma.
As que permanecem no epiblasto formam o ectoderma.
Esse processo define a gástrula, que contém os três folhetos: ectoderma, mesoderma e endoderma.