Dia 26/05/2025
SP 3.5: Diabesidade
Em visita domiciliar à família do Sr. Igor, os alunos do curso de medicina depararam com a
seguinte situação familiar. Moravam em uma casa de 4 cômodos o Sr. Igor, de 55 anos,
sua esposa Emma, de 53 anos, suas duas filhas, Kara, de 20, e Mira, de 18 anos, e sua
neta Chiquinha, de 2 anos.
O Sr. Igor, em entrevista com os alunos e a ACS responsável, se queixou de cansaço,
dificuldade de enxergar, formigamento nas pernas, aumento da sede e da frequência
urinária. Indagado sobre há quanto tempo vinha sentindo os sintomas, relatou que estes
começaram a aparecer há mais ou menos 3 meses.
O Sr. Igor informou que estava trabalhando durante o dia todo, mas no momento está
desempregado. O casal andava muito estressado devido à situação financeira, pois
somente suas filhas trabalham remuneradamente e ganham cada uma um salário-mínimo.
A ACS resolveu então marcar uma consulta para o Sr. Igor com o médico da UBS. Na
consulta, durante a anamnese, o Sr. Igor informou, além do que já tinha contado
anteriormente, que tem dificuldade na cicatrização e seus pais são diabéticos. Relatou
ainda que seu pai e uma tia tinham amputado a perna em decorrência da doença, vindo a
tia a falecer dois anos após a amputação por problemas renais e cardíacos.
O médico da UBS solicitou alguns exames complementares posteriores, que mostraram
uma glicemia em jejum de 150 mg/dL, glicosúria (++), albuminúria (+) e traços para corpos
cetônicos. Foram encontrados parâmetros de hemoglobina glicada referente a 7%, uma
concentração de triglicerídeos de 450 mg/dL e a dosagem de Peptídeo-C revelou uma
concentração de 6,2 mg/mL. Foi ainda constatada hipertensão arterial, aumento da
circunferência abdominal e um IMC de 32 kg/m2.
O médico confirmou o diagnóstico de síndrome metabólica e orientou a necessidade de
controle por farmacoterapia a base de metformina 500 mg de 12/12h. Este medicamento
poderia ser retirado em qualquer farmácia que tivesse o Programa de Farmácia Popular.
Orientou o Sr. Igor à necessidade da melhoria de seus hábitos alimentares, evitando assim
mais prejuízos para sua saúde. O médico da UBS encaminhou o Sr. Igor para o nutricionista
do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) para orientação nutricional e retorno
mensal para controle dos fatores de risco associados aos problemas cardiovasculares.
PROBLEMAS
Sr. Igor, 55 anos
Sentia cansaço, dificuldade enxergar, formigamento nas pernas, aumento da sede e da frequência urinária há 3 meses.
Ele estava desempregado e o casal estava estressado devido a situação financeira; Estava tendo uma redução da renda familiar.
Tem um histórico familiar de diabetes e dificuldade de cicatrização de feridas.
Exames alterados do Sr. Igor: Estava com hiperglicemia, Glicosuria (++), Albuminuria (+), traços para corpos cetonicos, hemoglobina glicosilada 7%, hipertrigliceridemia, peptídeo-C 6,2 mg/ml (aumentado), hipertensão arterial, circunferência abdominal aumentada e IMC de 32kg/m (obesidade grau 1).
Sr. Igor estava com síndrome metabólica e teve necessidade de tomar metformina 500mg de 12/12h.
Encaminhamento para nutricionista para melhoria dos hábitos alimentares.
HIPÓTESES
Sr.Igor está com Diabetes tipo 2 devido aos sintomas, resultado de exames laboratoriais, idade e estilo de vida;
O estresse aumenta o nível de cortisol que reduz a ação da insulina contribui para hipertensão arterial e obesidade;
O diabetes acarreta em má circulação sanguínea contribuindo para a dificuldade de cicatrização de feridas;
Sr. Igor teve aumento da glicemia por causa da resistência a insulina;
O quadro do paciente está agravando sua função renal, permitindo a excreção de proteínas;
Ele não utiliza de forma adequada a glicose, acelerando a lipólise e a formação de ácidos graxos e corpos cetônicos.
Sr.Igor pode ter uma dislipidemia;
A metformina melhora a sensibilidade a insulina.
QA'S - Questões de Aprendizagem
1- O que é Diabetes, quais são seus tipos, causas e fatores de risco?
Diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica caracterizada pela elevação dos níveis de glicose no sangue (hiperglicemia), resultante de defeitos na secreção e/ou na ação da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas que regula a glicemia. Ao longo do tempo, o diabetes pode causar complicações em diversos órgãos, como olhos, rins, nervos e vasos sanguíneos.
Diabetes tipo 1
Ocorre geralmente na infância ou adolescência.
É uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, que produzem insulina.
Requer uso diário de insulina.
Diabetes tipo 2
Mais comum em adultos, mas pode ocorrer em jovens.
Está relacionado à resistência à insulina e à produção insuficiente desse hormônio.
Associado a fatores como obesidade e sedentarismo.
Pode ser controlado com alimentação, atividade física, medicamentos orais e/ou insulina.
Diabetes gestacional
Desenvolve-se durante a gravidez e, geralmente, desaparece após o parto.
Pode aumentar o risco de complicações na gestação e de desenvolvimento de diabetes tipo 2 no futuro.
Outros tipos específicos
Resultam de defeitos genéticos, doenças do pâncreas, uso de medicamentos (como corticosteroides) ou doenças endócrinas.
Fatores genéticos: histórico familiar de diabetes.
Excesso de peso e obesidade, especialmente abdominal.
Sedentarismo.
Alimentação inadequada, rica em açúcares e gorduras.
Idade avançada (especialmente para o tipo 2).
Hipertensão arterial.
Dislipidemia (níveis alterados de colesterol e triglicerídeos).
Histórico de diabetes gestacional ou filhos com mais de 4 kg ao nascer.
Síndrome dos ovários policísticos (relacionada ao tipo 2).
BRASIL. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 16). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus_cab16.pdf. Acesso em: 2 jun. 2025.
2 - Quais os sintomas e complicações do Diabetes (incluir a má circulação, dificuldade de cicatrização, disfunção renal, cetogênese).
Os sintomas e complicações do Diabetes mellitus variam conforme o tipo e o grau de controle da doença. A hiperglicemia persistente leva a danos progressivos em vasos sanguíneos e órgãos, podendo causar complicações graves a longo prazo.
Os sintomas mais comuns incluem:
Sede excessiva (polidipsia)
Vontade frequente de urinar (poliúria)
Fome exagerada (polifagia)
Perda de peso inexplicada
Visão embaçada
Fadiga constante
Infecções frequentes (urinárias, cutâneas)
Feridas que demoram a cicatrizar
Formigamento ou dormência em mãos e pés
Nos casos de diabetes tipo 1, os sintomas surgem rapidamente. No tipo 2, podem ser leves ou ausentes no início, dificultando o diagnóstico precoce.
Má circulação e dificuldade de cicatrização
O excesso de glicose danifica os vasos sanguíneos, reduzindo a circulação, especialmente em membros inferiores.
Isso compromete a chegada de nutrientes e oxigênio aos tecidos, dificultando a cicatrização de feridas e aumentando o risco de infecções.
Pode evoluir para pé diabético, com risco de amputações.
Disfunção renal (nefropatia diabética)
O diabetes danifica progressivamente os glomérulos renais, estruturas responsáveis pela filtragem do sangue.
Isso pode levar à perda de proteína na urina (proteinúria) e, em estágios avançados, à insuficiência renal crônica, podendo requerer hemodiálise.
Retinopatia diabética
A hiperglicemia compromete os vasos da retina, podendo causar hemorragias, descolamento de retina e cegueira.
Neuropatia diabética
Danos aos nervos, com dor, formigamento, perda de sensibilidade nos pés e mãos.
A perda de sensibilidade agrava o risco de feridas e infecções.
Doença cardiovascular
Maior risco de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e doença arterial periférica.
Cetoacidose diabética (CAD)
Ocorre principalmente no diabetes tipo 1.
Quando não há insulina suficiente, o corpo ativa a cetogênese, usando gordura como fonte de energia, produzindo corpos cetônicos.
Isso leva à acidificação do sangue, um quadro grave que requer atendimento emergencial.
Sintomas: náuseas, vômitos, dor abdominal, hálito cetônico (semelhante a maçã podre), respiração profunda e rápida (respiração de Kussmaul).
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2022-2023. São Paulo: Clannad, 2022. Disponível em: https://www.diabetes.org.br. Acesso em: 2 jun. 2025.
3 - Qual o tratamento (mecanismo da metformina) e prevenções do diabetes?
O tratamento do diabetes mellitus tem como objetivo controlar os níveis de glicose no sangue e prevenir complicações agudas e crônicas. Ele varia de acordo com o tipo da doença, grau de controle glicêmico e presença de comorbidades.
Alimentação saudável: rica em fibras, com controle do consumo de açúcares simples e gorduras saturadas.
Atividade física regular: recomendada ao menos 150 minutos por semana, contribuindo para o controle da glicemia e da sensibilidade à insulina.
Controle do peso corporal.
Abandono do tabagismo e consumo moderado de álcool.
Metformina (diabetes tipo 2)
Classe: biguanida.
Indicação: primeira escolha no tratamento farmacológico do diabetes tipo 2, especialmente em pacientes com sobrepeso.
Mecanismo de ação:
Reduz a produção de glicose pelo fígado (inibição da gliconeogênese hepática);
Aumenta a captação periférica de glicose, melhorando a sensibilidade à insulina;
Diminui a absorção intestinal de glicose.
Vantagens: não causa hipoglicemia isoladamente e pode auxiliar na perda de peso.
Necessária em todos os casos de diabetes tipo 1.
Pode ser usada no tipo 2 em fases mais avançadas ou em situações específicas (gestação, internações, falência pancreática).
A prevenção é especialmente eficaz para o diabetes tipo 2, pois este está fortemente relacionado a fatores comportamentais e ambientais.
Manter o peso corporal dentro dos parâmetros saudáveis.
Praticar atividade física regularmente.
Seguir uma alimentação balanceada, rica em vegetais, frutas, legumes e grãos integrais.
Evitar o consumo excessivo de açúcar, sal e gordura.
Controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol.
Realizar exames periódicos, principalmente em indivíduos com histórico familiar ou fatores de risco.
Monitorar a glicemia em populações de risco (obesos, sedentários, gestantes com histórico de diabetes gestacional, entre outros).
BRASIL. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 16). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus_cab16.pdf. Acesso em: 2 jun. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2022-2023. São Paulo: Clannad, 2022. Disponível em: https://www.diabetes.org.br. Acesso em: 2 jun. 2025.
4 - O que é a síndrome metabólica e suas consequências?
Síndrome metabólica é um conjunto de condições metabólicas que ocorrem simultaneamente e aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e outras complicações de saúde. Ela está relacionada principalmente à resistência à insulina, obesidade abdominal e inflamação crônica de baixo grau.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a IDF (International Diabetes Federation), o diagnóstico é confirmado quando há pelo menos três dos seguintes critérios:
Circunferência abdominal aumentada
Homens: ≥ 94 cm
Mulheres: ≥ 80 cm
Triglicerídeos elevados
≥ 150 mg/dL ou em uso de tratamento para hipertrigliceridemia
Colesterol HDL baixo
Homens: < 40 mg/dL
Mulheres: < 50 mg/dL
Pressão arterial elevada
≥ 130/85 mmHg ou em uso de medicamentos anti-hipertensivos
Glicemia de jejum elevada
≥ 100 mg/dL ou em uso de medicamentos para diabetes
A presença da síndrome metabólica aumenta significativamente o risco de:
Doença cardiovascular aterosclerótica
Infarto do miocárdio
Acidente vascular cerebral (AVC)
Diabetes mellitus tipo 2
Devido à resistência à insulina persistente
Doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose hepática)
Pode evoluir para hepatite, fibrose e cirrose
Doença renal crônica
Pela associação com hipertensão e diabetes
Síndrome do ovário policístico (em mulheres)
Por alterações hormonais associadas à resistência à insulina
Estado inflamatório crônico
Favorece a progressão de doenças autoimunes, vasculares e neoplásicas
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. I Diretriz brasileira de diagnóstico e tratamento da síndrome metabólica. Arq. Bras. Cardiol., v. 84, supl. 1, p. 1-28, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/R9JXgNzrxz6xPMgsWnCvW3D/?lang=pt. Acesso em: 2 jun. 2025.
IDF – INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome. Brussels: IDF, 2006. Disponível em: https://www.idf.org/e-library/consensus-statements/60-idfconsensus-worldwide-definitionof-the-metabolic-syndrome.html. Acesso em: 2 jun. 2025.
5 - Como o estresse influencia no quadro de hipertensão e obesidade?
O estresse crônico tem impacto direto e significativo no desenvolvimento e agravamento de condições como hipertensão arterial e obesidade, por meio de mecanismos fisiológicos, hormonais e comportamentais.
O estresse ativa o sistema nervoso simpático e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a:
Liberação de adrenalina e noradrenalina
Aumentam a frequência cardíaca e contraem os vasos sanguíneos, elevando a pressão arterial.
Aumento do cortisol
Estimula a retenção de sódio e água pelos rins, aumentando o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão.
Estado de alerta contínuo
A manutenção do organismo em "estado de luta ou fuga" eleva a tensão muscular e dificulta a regulação da pressão arterial.
Comportamentos de risco associados ao estresse, como:
Maior consumo de álcool, cigarro e sal;
Piora na adesão ao tratamento medicamentoso e hábitos saudáveis.
O estresse também contribui para o ganho de peso e obesidade por diversos fatores:
Aumento do cortisol crônico:
Estimula o acúmulo de gordura abdominal;
Aumenta a resistência à insulina, favorecendo o armazenamento de gordura.
Compulsão alimentar (fome emocional):
Estresse leva muitas pessoas a buscar recompensa alimentar rica em açúcares e gorduras ("comfort food"), elevando o consumo calórico.
Alterações no sono e metabolismo:
O estresse pode causar distúrbios do sono, afetando hormônios como leptina e grelina, que regulam a saciedade e o apetite.
Sedentarismo:
A desmotivação gerada pelo estresse pode reduzir a prática de atividades físicas.
O estresse age como fator de risco e agravante tanto para a hipertensão quanto para a obesidade. O controle do estresse, por meio de atividades físicas, técnicas de relaxamento, suporte psicológico e mudança de hábitos, é uma estratégia fundamental na prevenção e tratamento dessas condições.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Obesidade: fatores de risco e prevenção. Disponível em: https://www.endocrino.org.br. Acesso em: 2 jun. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica: Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cab36_doencas_cronicas.pdf. Acesso em: 2 jun. 2025.
6 - Qual a relação do aumento do triglicerídes com o diabetes?
O aumento dos triglicerídeos (hipertrigliceridemia) tem uma relação direta com o diabetes mellitus, especialmente o tipo 2, devido a mecanismos fisiopatológicos comuns, como a resistência à insulina e alterações no metabolismo lipídico.
A resistência à insulina, comum no diabetes tipo 2, reduz a capacidade do organismo de inibir a lipólise (quebra de gordura no tecido adiposo).
Isso leva ao aumento de ácidos graxos livres na circulação, que são convertidos em triglicerídeos pelo fígado, elevando os níveis plasmáticos.
O diabetes tipo 2 costuma fazer parte da síndrome metabólica, que inclui também hipertrigliceridemia, obesidade abdominal, hipertensão e HDL baixo.
O aumento dos triglicerídeos, junto com essas alterações, potencializa o risco cardiovascular.
Pessoas com diabetes frequentemente desenvolvem um perfil lipídico alterado, caracterizado por:
Triglicerídeos elevados
Colesterol HDL reduzido
Partículas de LDL pequenas e densas (mais aterogênicas)
Essa combinação é chamada de dislipidemia aterogênica, altamente associada ao risco de infarto e AVC.
Níveis elevados de triglicerídeos podem agravar a resistência à insulina, formando um ciclo vicioso.
Também aumentam o risco de esteatose hepática não alcoólica e pancreatite aguda quando muito elevados (> 500 mg/dL).
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica: Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cab36_doencas_cronicas.pdf. Acesso em: 2 jun. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2022-2023. São Paulo: Clannad, 2022. Disponível em: https://www.diabetes.org.br. Acesso em: 2 jun. 2025.
7 - O que é o peptídeo C e qual a sua finalidade?
O peptídeo C (ou peptídeo de ligação) é uma cadeia de aminoácidos liberada juntamente com a insulina endógena (produzida pelo pâncreas). Ele é formado durante o processo de ativação da proinsulina, a molécula precursora da insulina.
As células beta do pâncreas sintetizam proinsulina (molécula inativa).
A proinsulina é clivada em duas partes:
Insulina ativa
Peptídeo C
Ambas são liberadas na corrente sanguínea em quantidades equimolares (na mesma proporção).
Embora não tenha função metabólica tão conhecida quanto a insulina, o peptídeo C possui importância clínica significativa, especialmente para:
A dosagem do peptídeo C no sangue permite verificar se o pâncreas ainda está produzindo insulina.
É útil na diferenciação entre diabetes tipo 1 e tipo 2:
Tipo 1: níveis de peptídeo C muito baixos ou indetectáveis (falta de produção de insulina).
Tipo 2: níveis normais ou elevados (resistência à insulina com produção preservada ou aumentada).
Pacientes que usam insulina injetável (exógena) não produzem peptídeo C junto com ela.
Isso permite diagnosticar casos de:
Hiperinsulinemia de origem endógena (tumores produtores de insulina, como insulinomas).
Uso indevido de insulina exógena.
Pacientes com diabetes tipo 1 podem manter produção residual de insulina por um tempo ("fase da lua de mel"), o que pode ser avaliado pelo peptídeo C.
Jejum: aproximadamente 0,8 a 3,5 ng/mL
Valores baixos: indicam pouca ou nenhuma produção de insulina.
Valores altos: podem sugerir resistência insulínica ou insulinoma.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2022-2023. São Paulo: Clannad, 2022. Disponível em: https://www.diabetes.org.br. Acesso em: 2 jun. 2025.
HARRISON, Anthony S. Medicina Interna de Harrison. 20. ed. Rio de Janeiro: McGraw Hill Brasil, 2018.
8 - Como é feito o acompanhamento do paciente diabético no SUS?
No Sistema Único de Saúde (SUS), o acompanhamento de pacientes com diabetes mellitus é realizado de forma contínua e integral, conforme estabelecido nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) e nos Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
O diagnóstico do diabetes é realizado por meio de exames laboratoriais, como glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose e hemoglobina glicada (HbA1c). Após o diagnóstico, o paciente é estratificado quanto ao risco cardiovascular e à presença de complicações, o que orienta o plano de cuidados individualizado.
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são responsáveis pelo acompanhamento regular dos pacientes com diabetes, que inclui:
Consultas periódicas com médicos e enfermeiros para avaliação clínica e ajuste do tratamento.
Solicitação e interpretação de exames laboratoriais para monitoramento da glicemia, função renal, perfil lipídico, entre outros.
Educação em saúde, promovendo o autocuidado e a adesão ao tratamento.
Encaminhamentos para serviços especializados, quando necessário.
A frequência das consultas e dos exames é determinada conforme a complexidade do caso e a presença de comorbidades. Biblioteca Virtual em Saúde MS
O tratamento do diabetes no SUS abrange:
Medidas não farmacológicas, como orientação nutricional, prática regular de atividade física e cessação do tabagismo.
Terapia medicamentosa, com fornecimento gratuito de medicamentos essenciais, como metformina, sulfonilureias e insulinas, conforme a necessidade clínica do paciente.
A escolha do tratamento é baseada nas diretrizes do PCDT e considera fatores como eficácia, segurança e custo-efetividade. Serviços e Informações do Brasil
O acompanhamento visa prevenir e identificar precocemente complicações do diabetes, como:
Retinopatia diabética: avaliação oftalmológica periódica.
Nefropatia diabética: monitoramento da função renal.
Neuropatia diabética: exame clínico dos pés e orientação para cuidados preventivos.
Além disso, são realizadas ações de vacinação e controle de fatores de risco cardiovascular.
As informações do acompanhamento são registradas nos sistemas de informação do SUS, como o e-SUS AB, permitindo o monitoramento da qualidade da atenção e o planejamento de ações em saúde.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Diabetes Mellitus Tipo 2. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/PCDTDM2.pdf. Acesso em: 2 jun. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n. 36: Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_diabetes_mellitus_cab36.pdf. Acesso em: 2 jun. 2025.
Feedback do dia: aula produtiva e com muita troca de conhecimentos entre a equipe de tutoria.
Entender tudo sobre a DM, uma das doenças mais recorrentes nos centros hospitalares foi muito importante.
A tutora Dani, como sempre, soube conduzir a dinâmica de grupo da melhor maneira possível.