SP 3.4
Determinação do ácido úrico plasmático e aspectos morfológicos do fígado
RESUMO e Questões da SP 3.4
O ácido úrico é o produto final do metabolismo das purinas, substâncias encontradas no DNA, RNA e em alguns alimentos (como carnes vermelhas, vísceras e frutos do mar). Ele é eliminado principalmente pelos rins.
A dosagem do ácido úrico plasmático é útil para:
Diagnosticar hiperuricemia (níveis elevados de ácido úrico);
Investigar gota (uma forma de artrite causada por acúmulo de cristais de urato);
Avaliar função renal (já que a excreção é renal);
Monitorar pacientes com leucemias ou tratamentos oncológicos, que podem causar aumento do catabolismo celular.
Realiza-se um exame de sangue, geralmente após 8h de jejum.
O método laboratorial mais comum é o enzimático (uricase), que mede a conversão do ácido úrico em alantoína, liberando peróxido de hidrogênio.
Homens: 3,4 – 7,0 mg/dL
Mulheres: 2,4 – 6,0 mg/dL
O fígado é a maior glândula do corpo humano, localizado no hipocôndrio direito do abdome, logo abaixo do diafragma.
Cor: marrom-avermelhado.
Peso: cerca de 1,5 kg em adultos.
Formato: piramidal, com dois lobos principais: direito (maior) e esquerdo.
Superfícies:
Diafragmática: convexa e lisa.
Visceral: voltada para baixo, abriga várias marcas de órgãos (estômago, vesícula biliar, duodeno, rim direito).
Lóbulos hepáticos: unidades estruturais em forma de hexágono.
No centro: veia central.
Nas bordas: tríades portais (ramo da veia porta, artéria hepática e ducto biliar).
Hepatócitos: células funcionais do fígado, responsáveis por:
Metabolismo de nutrientes.
Síntese de proteínas (como albumina e fatores de coagulação).
Detoxificação.
Capilares sinusoidais: canais por onde o sangue flui lentamente, permitindo o contato com os hepatócitos.
Células de Kupffer: macrófagos residentes, fazem a fagocitose de microrganismos e resíduos.
O fígado participa da produção de ácido úrico por metabolizar purinas.
Distúrbios hepáticos graves podem afetar o metabolismo de proteínas e purinas, mas o principal órgão responsável pela excreção do ácido úrico é o rim.
Gota
A gota é uma doença inflamatória crônica causada pelo acúmulo de cristais de urato monossódico nas articulações e em outros tecidos. Isso ocorre quando há excesso de ácido úrico no sangue (hiperuricemia) e o organismo não consegue eliminá-lo de forma adequada.
A gota pode ter duas causas principais:
Excesso de degradação de purinas (proteínas do DNA e RNA).
Pode acontecer em cânceres, anemias hemolíticas, psoríase.
Problemas renais.
Uso de medicamentos (diuréticos, aspirina em baixas doses).
Álcool em excesso.
Dieta rica em carnes vermelhas, frutos do mar, bebidas alcoólicas e refrigerantes com frutose.
Obesidade.
Hipertensão.
Doença renal crônica.
Histórico familiar de gota.
A gota costuma surgir de forma aguda e muito dolorosa:
Dor intensa e súbita em uma articulação (geralmente à noite).
Inchaço, vermelhidão e calor na articulação.
A articulação mais afetada é a do dedão do pé (podagra), mas pode afetar tornozelo, joelho, punho, etc.
Episódios podem durar de dias a semanas.
Em casos crônicos, podem surgir tofos (depósitos de cristais visíveis sob a pele) e deformidades articulares.
Ácido úrico plasmático elevado (>7 mg/dL, mas pode estar normal durante a crise aguda).
Leucocitose (durante a crise).
PCR e VHS elevados (indicadores de inflamação).
Punção da articulação afetada com análise do líquido sinovial → presença de cristais de urato monossódico com birrefringência negativa ao microscópio de luz polarizada.
Tratamento da Gota
Para aliviar a dor e a inflamação rapidamente:
1. Colchicina
Mecanismo de ação: bloqueia a migração de leucócitos para a articulação, reduzindo a inflamação.
Dose inicial: 1–1,2 mg, seguido de 0,5–0,6 mg a cada 1–2 horas, até melhora ou efeitos colaterais.
Efeitos colaterais comuns: diarreia, náuseas, vômitos.
Contraindicações: insuficiência renal/hepática grave.
2. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)
Exemplos: indometacina, naproxeno, ibuprofeno.
Aliviam dor e inflamação.
3. Corticosteroides
Em pacientes que não podem usar colchicina ou AINEs.
Exemplo: prednisona oral ou injeção intra-articular.
Iniciado após a crise aguda (nunca durante a crise).
1. Alopurinol
Mecanismo de ação: inibe a enzima xantina oxidase, reduzindo a produção de ácido úrico.
Dose inicial: 100 mg/dia, aumentando gradualmente até dose-alvo (máx. 800 mg/dia).
Efeitos colaterais: erupções cutâneas, hepatotoxicidade, síndrome de hipersensibilidade.
Recomendações:
Aumentar dose lentamente.
Hidratar bem o paciente.
Acompanhar função renal.
2. Febuxostate (alternativa ao alopurinol)
Também inibe a xantina oxidase.
Mais caro e usado em casos com intolerância ao alopurinol.
3. Uricosúricos (como probenecida ou lesinurade)
Aumentam a excreção renal de ácido úrico.
Essenciais para prevenir novas crises:
Reduzir consumo de álcool, carnes vermelhas e frutos do mar.
Evitar bebidas com frutose.
Perder peso, se houver sobrepeso.
Beber bastante água (ajuda a excretar o ácido úrico).
Controlar comorbidades (diabetes, hipertensão, dislipidemia).
CARTILHA Gota
Sociedade Brasileira de Reumatologia
Gota - Principais slides Medlab
A IMPORTÂNCIA DO FÍGADO!
O fígado é um dos órgãos mais importantes e multifuncionais do corpo humano. Ele atua como um centro de processamento metabólico, um armazém de nutrientes, um filtro de toxinas e uma fábrica bioquímica vital para a vida.
Localizado no quadrante superior direito do abdome, logo abaixo do diafragma.
Pesa cerca de 1,4 a 1,8 kg em adultos — é o maior órgão sólido do corpo.
Possui dois lobos principais (direito e esquerdo) e recebe dupla irrigação sanguínea: pela veia porta (rico em nutrientes) e pela artéria hepática (rico em oxigênio).
Converte glicose em glicogênio (glicogênese) para armazenamento de energia.
Quando o corpo precisa, quebra o glicogênio em glicose (glicogenólise).
Produz glicose a partir de outras fontes (gliconeogênese), essencial no jejum.
Sintetiza albumina (manutenção da pressão osmótica) e fatores da coagulação.
Desamina aminoácidos e converte amônia tóxica em ureia, que será excretada pelos rins.
Produz colesterol e lipoproteínas (LDL, HDL, VLDL).
Sintetiza e armazena triglicerídeos.
Participa da beta-oxidação de ácidos graxos para geração de energia.
Armazena:
Glicogênio
Vitaminas A, D, E, K e B12
Ferro (ferritina) e cobre
Filtra toxinas do sangue, incluindo medicamentos, álcool, drogas e produtos do metabolismo.
Realiza biotransformações enzimáticas (fase I e II) para tornar substâncias mais solúveis e elimináveis.
Neutraliza bilirrubina livre (proveniente da degradação de hemácias) transformando-a em forma conjugada, excretada na bile.
A bile é essencial para a digestão de gorduras no intestino delgado.
É composta por sais biliares, bilirrubina, colesterol e fosfolipídios.
Contém células de Kupffer, que fagocitam bactérias, vírus e resíduos celulares.
Atua como barreira imunológica vinda do trato gastrointestinal.
O fígado é indispensável à vida. Sem ele, o corpo:
Não consegue manter níveis adequados de glicose no sangue;
Acumula toxinas perigosas;
Sofre distúrbios de coagulação;
Tem falhas no sistema imunológico e digestivo.
Por isso, doenças hepáticas como hepatite, cirrose e esteatose hepática (fígado gorduroso) impactam todo o organismo, podendo levar à falência múltipla de órgãos.
O fígado é capaz de se regenerar mesmo após a perda de até 70% de sua massa!
Ele está envolvido direta ou indiretamente em mais de 500 funções bioquímicas.
É um dos primeiros órgãos a se formar no embrião (por volta da 4ª semana gestacional).
O fígado é um órgão nobre e insubstituível. Seu papel no metabolismo é tão abrangente que ele funciona como o “maestro” de uma grande orquestra bioquímica, coordenando o equilíbrio interno do corpo com precisão.
Cuidar do fígado significa:
Alimentar-se bem,
Evitar álcool em excesso e uso abusivo de medicamentos,
Praticar atividades físicas,
Fazer exames regulares de função hepática.
🧡 Cuidar do fígado é cuidar da vida.
Feedback do dia: Hoje entendemos a grandiosidade do fígado para o Metabolismo humano. A aula foi dinâmica e aprendemos muito com as professoras!
Também aprendemos muito sobre ácido úrico e sua relação com a Gota, bem como os detalhes da doença e as formas de tratamento.
Estou amando esse complexo temático e as aulas laboratoriais estão sendo incríveis!